Mais do mesmo: sociedade do espetáculo, pós-modernidade, modernidade líquida... Todas essas definições só servem pra descrever nossa chatice contemporânea, chatice chata, presa num computador, dentro de um condomínio, na insanidade de um msn, numa conexão com o imaterial... Contemporaneidade que não é de todos.
Outro dia eu estava cozinhando e vi uma cena poética (e já muito explorada), mas eu vi, e achei sintomática.
Descrição:
Ao lado da quitinete onde eu morava havia uma cabeça de porco, várias casas, umas beirando barracos, e no meio da vila um quintal. Neste “cortiço” vivem muitas crianças (como de costume).
A casa do outro lado é uma bela residência, de muro alto e grades, tem três andares e janelas bem gradeadas.
Estava fazendo minhas coisas e olhando pela janela, as crianças gritavam muito, riam alto, estavam brincando de pique-cor numa bela euforia que dava ainda mais vida a tarde de sol. Na casa ao lado vi um menino olhando pela grade a brincadeira de seus vizinhos muito provavelmente desconhecidos. Moram muito perto e vivem muito longe...
História Clichê, Mas que me fez Pensar.
O físico e o social.
E isso não é de hoje, me diria o filho do senhor de engenho. Mas as fronteiras na época eram bem menores, em diversos sentidos - principalmente se atentarmos para nosso "nível de civilização material"
Mas o filho do senhor de engenho, provavelmente, "se vigou". Acho que a maior frustração da nossa classe média é não se vingar... Sei lá.
Enfim, compartilhava no fundo o sentimento do menino. Eu também olhava pela janela.
Pretendo nunca perder a adimiração que eu e o outro jovem encarcerado temos. Romper barreiras, esse deve ser nosso objetivo.
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